segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Uma nova estrela no firmamento cultural santantonense

Nissah Barbosa, de 19 anos, natural da ilha de Santo Antão, é a nova sensação do Hip Hop crioulo. A jovem que estuda Ciências Farmacêuticas na UniPiaget, na cidade da Praia começou a pisar os palcos em concursos musicais na sua terra natal e, agora com a música “Baby Girl”, Nissah começa a dar os primeiros passos rumo a uma carreira de sucesso, pelo que está a preparar o lançamento do seu primeiro trabalho musical.
Nissah nasceu na cidade da Ribeira Grande, localidade do Tarrafal e há cerca de um ano rumou para a ilha de Santiago para ingressar no curso de Ciências Farmacêuticas na UniPiaget. Na sua terra natal, a jovem descobriu a sua qualidade para cantar e por diversas vezes participou em concursos de música e actuou em actividades culturais no Polivalente David Fortes, na cidade da Ribeira Grande e noutros locais desse concelho.
Com ímpeto para interpretar vários estilos musicais, Nissah Barbosa começa a estampar o seu nome no Hip Hop crioulo com o lançamento da música Baby Girl na internet que já acumulou cerca de 20 mil visualizações e já domina as Top de programas de música nas rádios e televisões cabo-verdianas. E pelo caminho, já leva várias actuações na cidade da Praia, tendo sido convidada especial do concurso Miss Cabo Verde 2013.
A nova sensação do Hip Hop garante que está a trabalhar no seu primeiro álbum musical e que o seu lançamento está previsto para o mês de Novembro. “Não esperava este sucesso e a quem me questionou se a gravação da Baby Girl decorreu nos EUA respondi que foi gravado em Cabo Verde, pelo que agradeço o apoio de todas as pessoas que acreditam que posso fazer uma boa carreira” assegura Nissah.

A jovem explica que com “Baby Girl” quer chamar a atenção das pessoas para que cultivem a sua auto-estima. Nissah Barbosa tem-se distinguido na música através da sua voz, desenvoltura e atitude e por ser das poucas mulheres cabo-verdianas a assumir o rap como estilo musical para exprimir o seu pensamento. Nissah revela que o título do seu álbum de estreia é “Beraz Criola”, um mixtape com estilo Hip Hop, Zouck, R&B e Slow.

fonte: Jornal Notícias do Norte 


Veja notícia da TCV:
http://videos.sapo.cv/1KZZBlMIwf4b2btFoqH0

Veja o clip:
http://www.youtube.com/watch?v=sS_XhCn460I

sábado, 27 de julho de 2013

Agora… Eu!

Na música, considero-me “filho de peixe” pois o pai era músico e, durante muitos anos, foi organista da paróquia de Nossa Senhora do Rosário, em Ribeira Grande, Santo Antão.
Por isso, muito cedo chegou-me a música aos ouvidos e à minha forma de sentir o mundo, tendo começado a sonhar com uma carreira musical ainda adolescente.
Os rasgados elogios à minha voz convenceram-me a participar no concurso de vozes “TODO O MUNDO CANTA”, em 1984. Tendo ficado classificado em primeiro lugar no concurso regional (na então Vila da Ribeira Grande) ganhei o “passaporte” para a fase nacional que teve lugar na cidade da Praia. Na capital voltei a classificar-me em primeiro lugar nas meias-finais, garantindo assim um lugar entre os seis primeiros classificados a nível nacional.
Ainda em 1984 integrei o conjunto Musical “ARCO-IRIS”, de Santo Antão, na qualidade de “vocalista”, com Adriano, Jon Bifai, Russo, Tchik-tchak, Domingos, Carinha e, posteriormente, Katcháss. Nesse grupo actuei em todos os palcos da ilha das montanhas, participei numa digressão do grupo à Holanda e ao Luxemburgo, além de uma presença no Festival da Baía das Gatas.
Dois anos depois, em 1986, voltei a participar no “TODO O MUNDO CANTA” e repeti o sucesso da primeira participação, classificando-me entre os seis melhores candidatos que participaram no certame, em todo o país.
Foi nessa altura que nasceu o sonho de gravar um disco com as músicas que falam das diversas localidades da ilha de Santo Antão, cuja concretização (devido a várias dificuldades, sobretudo financeiras) só foi possível cerca de 15 anos depois.
Graças a Deus, esse trabalho (o CD “MORNAS DE SANTO ANTÃO”) resultou num estrondoso sucesso e esgotou-se rapidamente no mercado nacional, pelo que uma segunda edição está à disposição do público, tanto em Cabo Verde, como em Portugal, no Luxemburgo, na Holanda, na Itália, e nos Estados Unidos da América.
Ultimamente, tenho participado em concertos em vários palcos de Cabo Verde (Palácio da Cultura – Praia, MindelHotel e Hotel Porto Grande – S. Vicente, Comemorações das festas municipais na Ribeira Grande e no Paul, outros hotéis e Pub’s), para só citar alguns.
Actuei também nas festas municipais em Ponte de Sôr e em Torres Novas, Portugal, sem esquecer a participação nas anteriores edições do Festival “Sete Sóis Sete Luas” e fui uma das presenças musicais de destaque na Semana Cultural de Santo Antão, realizada no Luxemburgo, tendo actuado nas cidades de Ettelbruck, Differdange e Luxemburgo Ville.
O mais recente trabalho que tenho no mercado é um DVD intitulado “SANTO ANTÃO – Paisagem & Melodia” que integra os clip's de todas as músicas do projecto MORNAS DE SANTO ANTAO, com imagens que “cantam” a extraordinária beleza das paisagens da ilha de Santo Antão.
Já tenho na forja um novo trabalho discográfico, pelo que espero entrar em estúdio, muito em breve.

Estou no facebook com uma página oficial no endereço: ttps://www.facebook.com/pages/Homero-Fonseca/139505772787089?ref=hl

terça-feira, 16 de julho de 2013

BANA (poema do Picau)

                  B A N A
Lua raiá na céu
Soncent intêr tchorá
Cab Verde enlutá
Nação cabo-verdiana soluçá

B. Léza, Manel de Novas, Luis Morais, Ti Goy, Frank Cavaquim
Elegê Bana como porta-voz
Pa spaiá na mund alma cabo-verdiana

Bana abraçá ess proposta el cantá
Nôs terra,
Nôs amdjer
Nôs partida
Nôs dor e sofrimento
Nôs luta e nos esperança

Na hora de partida
Bana, com emoção,
Manifestá sê último desejo
“Ca boçês tchá morrê
Folklore de nôs terra”


PIKAU (Café Lisboa, 15/07/2013)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Morreu Adriano Gonçalves, BANA

Este blog foi criado para falar das “coisas culturais” de Santo Antão.
Hoje vejo-me obrigado a abrir um “parêntesis” para falar do Bana, um cantor cuja grandeza ultrapassa a barreira do mar que nos limita e chega a todas as 10 ilhas de Cabo Verde (portanto, também a Santo Antão) e à diáspora.
Assim, com a devida vénia (e autorização), reproduzo aqui um belo texto do jovem jornalista Benvindo Chantre Neves, publicado no seu blog “Sinta 10”, em 11 de Março de 2008, reportando um espectáculo do Bana no Auditório Nacional, na cidade da Praia.
A palavra para o Benvindo Chantre Neves:

Afinal, o talentoso é também um busód

Quem há alguns meses lia as notícias sobre o estado de saúde do Bana em Lisboa, certamente não pensou que, hoje, passado pouco tempo, o artista pudesse estar de volta aos palcos com tanto fulgor, talento e, acima de tudo, boa disposição.
Pois é, o Auditório Nacional Jorge Barbosa, na Praia, recebeu ontem um memorável concerto. Bana, ao seu grande estilo, empolgou uma assistência que ao longo de mais de uma hora aplaudiu sem parar este colosso da nossa música.
Era a primeira vez que assistia a um concerto desse gigante da música nacional, ao vivo. Um grande privilégio!
Cantar é, sem dúvida, aquilo que melhor sabe o GIGANTE fazer. Isso não constitui novidade para ninguém. Só não sabia que, para além de encantar a cantar, Bana encanta com a sua forma de estar no palco. Ontem ele revelou ser uma pessoa muito comunicativa e bastante busód. Com um sentido de humor apurado, Bana fazia o público soltar umas boas gargalhadas cada vez que a ele se dirigisse.
O ínício foi emocionante: entrou no palco a interpretar a eterna "Lena" e quando terminou, pediu desculpas por "ca ter cumprimentód antes". De seguida lembrou os momentos difíceis por que passara meses antes e agradeceu "aos médicos, ao povo cabo-verdiano e ao governo de Cabo Verde." Por essa altura, comovido, quase deixou verter algumas lágrimas. O público aplaudiu com emoção e Bana retribuiu com mais uma morna imortal.
Numa noite de grandes mornas e coladeiras, Bana recebeu o carinho de um público maravilhoso que cantava junto com o mestre, apaludia sempre e, de vez em quando, uma ou outra voz se ecoava no meio da noite a pronunciar frases de admiração e estima. Por exemplo, a uma dada altura, na ligação de uma música a outra Bana, ao expressar algumas palavras, fez umas reticências "mim é.... ". Logo um grito soltou "... bo é um Património". Bana completou "é verdade, um património."
Mas foram muitos os momentos sublimes (aliás assim foi todo o concerto). Eis mais alguns momentos que resgitámos:
·                Na morna Lora Bana chamou uma jovem e fizeram dueto. A menina foi corajosa, mas passou no teste;
·                Na coladeira mexê mexê Bana esboçou um pé de dança e o auditório entrou em delírio. Que ovação!;
·                Antes de interpretar Maria Bárbara Bana dedicou essa morna a uma criança desconhecida que através de um terceiro lhe tinha enviado um recado: "iria ao concerto só para o ouvir cantar Maria Bárbara";
·                Na parte final, Bana diz: "ja'm ti te bem dá más só 2 muzca: um é pa cabá, ot é pa consolá"(...) e'm tem 5 minuto pa'm pensá que música ti te bem ftchá bsot ess not". Esta foi mais uma tirada de humor que deixou a plateia dodu;
·                E para acabar mesmo, Bana despediu desta forma: "bsot é maravilhoso, bsot é estrondoso... mas... mim também e'm ca ta fcá pa trás"
Enfim... momentos desses são raros neste país de música. Está de parabéns quem teve a ideia de voltar a trazer o Grande para o Auditório, desta vez não para interpretar apenas 4 músicas, felizmente. O concerto de ontem mostrou que o público, seja ele da Praia, de Soncnet, Sintanton, Fogo, Brava... está sedente de mais eventos culturais.
Parece que o Auditório Nacional - até bem pouco tempo tido como um autêntico Elefante Branco, começa a ganhar alguns pigmentos diferentes... digamos mais naturais. Que venham agora outros artistas: Cesária Évora, Tito Paris e a sua Orquestra (o tal sonho), Tcheca, Princezito, Teatro, dança... pelo menos tud fim-de-seman um evento, hehehehe (sonhar é bom).
Hah, em jeito de basofaria: a última música da noite, a tal consolança, foi Fitche Fatche na Tracolança. Música que relata um "fitche fatche" na Ponta do Sol, vila sintadezense.





Walter “Zuzu” Tavares Silva lança “Adeus Ildo”

O artista santantonense Walter Jesus Tavares Silva, “Zuzu”, lançou hoje, na Internet, a sua primeira gravação discográfica, um single intitulado “Adeus Ildo”.
“É uma música com grande significado para mim por ser um tributo ao meu Ídolo, Ildo Lobo” diz Zuzú na sua página do facebook, satisfeito por ter conseguido divulgar o tributo composto por ocasião do desaparecimento do cantor Ildo Lobo.
A composição foi gravada no estúdio do pianista Humberto Ramos que se ocupou dos arranjos e orquestração de “Adeus Ildo” que, gravado em 2006, “vê a luz do dia” sete anos depois, mas com grande satisfação de Zuzu Tavares Silva.
Walter de Jesus Tavares Silva, por todos conhecido pela alcunha de Zuzú de nha Tanha, é músico e compositor, autor de algumas composições carnavalescas além de várias mornas e coladeiras que, contudo, não foram ainda popularizadas pelos intérpretes da nossa praça.
Zuzú vive em São Vicente, onde trabalha no INDP, e já tem mais quatro músicas gravadas para o seu primeiro CD, embora não tenha ainda data para o seu lançamento sobretudo porque a “crise” tem servido para afastar os potenciais mecenas apesar da lei que os beneficia fortemente.
Zuzú disse-nos que “Adeus Ildo” deverá servir com a sua “rampa de lançamento” mas, em princípio não deverá constar do CD que já tem em preparação juntamente com Humberto Ramos.
“Adeus, Ildo” pode ser escutado e, livremente, copiado no youtube na localização http://www.youtube.com/watch?v=8eiwAjG-LrE.
Humberto Ramos, arranjador e orquestrador de “Adeus Ildo” escreve o seguinte:


O Walter foi-me apresentado pelo Vicente D. Neves-Tchenta e desde o primeiro dia, que o ouvi a cantar, que questiono, porque ele não é mais apoiado? Será que ele não tem nenhum lobbie? Esteve comigo em Lisboa e fizemos algumas apresentações e todas as pessoas que o ouviam ficavam admiradas porque nunca tinham ouvido falar dele...porque será? Mas acredito que um dia ele conseguirá atingir o lugar merecido por ser portador desta grande voz que nos lembra as velhas serenatas quando ainda não havia microfones (nem autotunes)”.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Escola Municipal de Iniciação Musical arranca a 01 de Outubro na Ribeira Grande

A Escola Municipal de Iniciação Musical, promovida pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, deverá abrir portas a partir de 01 de Outubro, conforme previsão que o vereador da Cultura, Francisco Dias, apresentou à Inforpress.
A opção foi arrancar com a formação de formadores como forma de garantir professores para essa escola e, com a parceria da Câmara Municipal de Ponte de Sôr, Portugal, um grupo de pessoas que participaram na primeira acção de formação ministrada por uma professora de música vinda de Portugal para o efeito.
Durante 30 dias a formadora portuguesa ministrou um curso intensivo a esse grupo de 26 participantes, todos executantes de algum instrumento musical ou de alguma outra forma ligados à música.
Francisco Dias disse que a próxima formação, que continua para esse mesmo grupo de pessoas, vai privilegiar, além da teoria musical, o ensino dos instrumentos de sopro já que a ideia é aproveitar essa escola para a criação de uma Banda Municipal.

A próxima acção de formação deverá arrancar dentro de 15 dias a um mês, mas o vereador disse à Inforpress que a professora portuguesa estará em Santo Antão, também, em Outubro para ajudar na instalação da Escola Municipal de Iniciação Musical.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Batchinha, construtor de tambores tradicionais

Chama-se Sebastião João Monteiro mas é conhecido por “Batchinha”, o homem de 56 anos de idade que confecciona um dos elementos mais importantes das festas de romaria na ilha de Santo Antão, o tambor.
Hoje em dia poucos são aqueles que conhecem esta arte e, por isso, (quase) toda a gente recorre aos tambores do Batchinha para tocar nas festas de Santo António (Paul), São João Baptista (Porto Novo) e São Pedro Apóstolo (Chã de Igreja).
Os tambores são o meu ganha-pão desde 1994 (19 anos)” afirma Batchinha adiantando que “é um bom negócio porque a procura é boa e é preciso ter tambores em ‘stock’ para poder satisfazer a demanda”, explicou o homem dos tambores.
“Esta tradição estava morta mas eu consegui recuperá-la” diz orgulhoso o mestre Batchinha manifestando-se “satisfeito por ver tantos tambores na festa de São Pedro”, muitos dos quais feitos por ele.
Tudo começou com alguns arranjos pontuais, “pessoas que pediam ajuda para consertar alguma peça do tambor” eventualmente danificada, e quando recebeu uma encomenda de tambores para o estrangeiro entendeu que, afinal, podia estar aí uma fonte de rendimento.
Batchinha fala de Lela Miranda que foi seu parceiro dos primeiros tempos mas hoje trabalha sozinho e tem demanda suficiente para se dedicar exclusivamente a uma arte que vai aprimorando a cada dia.
“Continuo a aprender”, admite o mestre Batchinha com humildade mas exibindo uma peça de rara beleza.

O preço varia entre os cinco mil e os 20 mil escudos cada tambor, dependendo do tamanho e do acabamento.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Artista Ary Duarte abre “Casa da Cultura” no Paul

Os artistas e artesãos do concelho do Paul passam a dispor, a partir de hoje, na cidade das Pombas, de um novo local onde podem expor e comercializar a sua produção ou mostrar o seu talento.
A “Casa da Cultura” é uma iniciativa do artista Ary Duarte e pretende ser um espaço onde as crianças possam aprender música e onde os músicos possam apresentar pequenos espectáculos, no quintal anexo.
A ideia, diz Ary Duarte, é criar um espaço onde todos os artesãos do Paul possam concentrar os seus trabalhos como forma de facilitar a sua disponibilização aos turistas que demandam o Paul.
A abertura oficial da Casa da Cultura teve lugar terça-feira à noite com um “show” protagonizado pelos artistas Ary, Uziel Sança, Roger Monteiro, Anísio Rodrigues e Djô Lopes com suporte musical do grupo “Kapa Sol”.


















segunda-feira, 24 de junho de 2013

Tradicionais fogueiras de São João regressam à festa na Ribeira Grande

A ilha de Santo Antão, outrora fértil em manifestações culturais, vai perdendo algumas das suas mais importantes tradições, umas de forma irreversível e outras que alguns “carolas” tentam, a todo o custo, recuperar.
É o caso das fogueiras de São João, no campo de futebol do Tarrafal, na cidade da Ribeira Grande, uma tradição que “morreu” com a antiga promotora Ana Maria da Conceição (Nhé Nica de Meri de Rosér como era por todos conhecida, ou simplesmente “Mé Nica” para os netos e outros familiares), mas que um grupo de pessoas quer, agora, “ressuscitar”.
“Esta iniciativa surgiu de uma conversa entre um grupo de amigos que, à volta de uma cerveja, sentiu a necessidade de revitalizar esta tradição” explica João Salomão, um dos promotores da iniciativa, adiantando que o objectivo “é não deixar perder uma tradição que foi seguida por anteriores gerações de ribeira-grandenses desde tempos de que não há memória”.
Se bem o pensaram melhor o fizeram e a tradição das fogueiras de São João regressou ao campo do Tarrafal desde o ano passado com o envolvimento de várias pessoas que integram esse grupo promotor que potencia, não só as fogueiras para as pessoas saltarem no campo, mas também o desfile à volta da Igreja e um jantar servido a todos os participantes.
Homens e mulheres, essencialmente jovens mas não só, profissionais de diversas áreas, arriscam o salto por entre as labaredas das fogueiras alimentadas por lenha de madeira (já houve uma tentativa, felizmente descartada, de utilização de pneus) mas que este ano estava verde e tinha de ser, a espaços, reavivada com um pouco de gasolina.
O rufar dos tambores, produzido por um grupo dirigido por Luciano Chantre e Ká (também eles membros do grupo dinamizador) fazia mexer o corpo a todos os que marcaram presença na festa para saltar à fogueira, para “colá Son Jon” ou simplesmente marcar o ritmo.
Tradição junina “quase” em vias de extinção é, também, o São João na zona de Corda onde, outrora, as pessoas das diferentes ribeiras do concelho da Ribeira Grande se concentravam para esperar a chegada dos peregrinos e “fugidos” que se deslocavam ao Porto Novo para as cerimónias religiosas e para pagarem promessas ao Santo.
Hoje, com a estrada Janela/Porto Novo o acesso à cidade do Porto Novo ficou mais facilitado, via estrada nova, e os condutores não usam mais a estrada da montanha o que faz diminuir o número de pessoas na festa da zona de Corda.
As festas de meio percurso (São João na Corda, Santo António em Mão-para-Trás e São Pedro em Boca de Ambas-as-Ribeiras) tendem a desaparecer vítimas do progresso que facilitou o acesso aos locais originais dessas festas, como são os casos da festa de São João, no Porto Novo, tida como a maior festa de romaria do país, e da de Santo António das Pombas, no Paul, que não lhe fica “muito” atrás.
     

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ribeira Grande é palco de tradições únicas no período pascal

As festas da Páscoa continuam a ser vividas com tradições únicas no concelho da Ribeira Grande, embora com menos pujança do que noutros tempos.
 
Os jovens aderem cada vez menos às antigas tradições e o consumismo importado de outras paragens trouxe valores que pouco se adequam ao “esprito” da celebração pascal e à forma de viver das gentes do concelho.
No plano religioso, a procissão de “Salvé” é uma das tradições que só se vivem na cidade da Ribeira Grande e está, cada dia, menos concorrida.
 
Trata-se de uma devoção à Virgem Maria, que começa na Igreja Matriz até à capela de Nossa Senhora da Penha, na Penha de França, onde os fiéis beijam a coroa da Santa, invocada como Rainha do Céu e da Terra, e regressa à Igreja Matriz onde é celebrada a eucaristia vespertina.
 
Tradição, igualmente única no concelho da Ribeira Grande, é a “Coroa de Cristo”, uma antiga devoção cuja origem não é conhecida das pessoas no concelho, mesmo as mais idosas.
 
“Não posso precisar mas presumo que a devoção da ‘Coroa de Cristo’ tenha sido introduzida pelo Cónego Júlio José Delgado, aquando da sua chegada à ilha, nos anos 20 do século passado” disse-nos Veríssimo Ribeiro, 90 anos de idade.
 
A “Coroa de Cristo”, explica Ribeiro, é um terço cantado em que se recordam os momentos da “via sacra”.
No aspecto gastronómico é que o consumismo mais se faz sentir, sobretudo com a introdução do “ovo da Páscoa”, feito de chocolate, para substituir o tradicional “fongo da Páscoa” presente na mesa dos santantonenses de épocas passadas mas que continua a ser tradição cumprida por alguns saudosos que teimam em manter valores de outros tempos.
 
“Eu continuo a fazer o ‘fongo da Páscoa’ todos os anos e conheço muita gente que também faz” afirma José Pedro Oliveira, gastrónomo e empresário do turismo e restauração, autor de um livro de receitas da culinária típica da ilha de Santo Antão.
 
José Pedro Oliveira explica que o “fongo da Páscoa” é confeccionado com uma massa homogénea feita com farinha de milho, batata doce cozida, banana madura, açúcar a gosto e ervas aromáticas, que, depois de embrulhado em folhas de bananeira, é levado a assar nas cinzas (rescaldo) dos alambiques.
Quaisquer que sejam as tradições, pujantes ou nem por isso, para os cristãos a páscoa será sempre “a comemoração da morte e ressurreição de Jesus Cristo que, com esses acontecimentos, cumpriu o plano que Deus traçou para a Salvação da humanidade”, dizem os fiéis católicos.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Paul: Rufino Sousa vence concurso “Vozes do Paul”


O candidato Rufino Sousa venceu o concurso “Vozes do Paul” que terminou depois das 03:00 da madrugada de hoje, na cidade das Pombas, enquadrado nas festas do município do Paul e de Santo António das Pombas.
Com as composições “dam tempo”, de Jorge Humberto, e “avenida marginal”, de Manuel de Novas, Rufino Sousa convenceu o júri e encantou o público presente acabando por arrecadar 354 pontos.
 
Rosy Santos, com 285 pontos ficou em segundo lugar e Soraia Rodrigues, com 276 pontos ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, e, juntamente com o vencedor do certame, ganharam o direito de participar na noite cabo-verdiana do próximo sábado.
“Gosto de música desde criança e até durmo com um receptor de rádio na cabeceira para não perder nada” disse Rufino Sousa que gostaria de ter uma carreira na música e continua à espera que a oportunidade surja para realizar os seus sonhos.
Gravar um CD é um dos sonhos do vencedor da edição 2013 do concurso “Vozes do Paul” mas, para já, isso não passa de um sonho adiado já que as oportunidades não abundam, sobretudo em tempos de crise.
Rufino Sousa não é principiante nas andanças musicais pois quando viveu em São Vicente participava das noites cabo-verdianas nos restaurantes de Mindelo.
Nesta final participaram 10 concorrentes seleccionados nas eliminatórias realizadas na cidade das Pombas (4), em Pontinha de Janela (3) e no Cabo da Ribeira (3) e os três primeiros classificados vão participar na tradicional “noite cabo-verdiana”, o ponto alto das actividades culturais programadas.  

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Walter “Zuzú” Tavares Silva – compositor de mornas, coladeiras e música carnavalesca


As comemorações do dia do município do Paul e de Santo António das Pombas são ocasião que os paulenses radicados fora da ilha ou do país escolhem para regressar ao torrão natal e matar saudades da terra.
Walter Tavares Silva, por exemplo, vive em São Vicente onde trabalha no INDP, mas já o encontramos no Paul para participar da festa do padroeiro.

Zuzú, como é conhecido entre os amigos, é músico e um compositor inspirado, autor de várias mornas e coladeiras que, contudo, não foram ainda popularizadas pelos intérpretes da nossa praça.
Zuzú alimenta a esperança de lançar o seu próprio CD, embora não tenha ainda data para entrar em estúdio, sobretudo porque a “crise” tem servido para afastar os potenciais mecenas apesar da lei que os beneficia fortemente.

A música de Carnaval tem vindo a ocupar lugar de destaque na composição de Walter Tavares Silva sobretudo depois do surgimento do grupo “Famas de Janela” cujas músicas são (quase) todas de sua autoria, algumas das quais foram premiadas nos concursos da festa do Rei Momo, no Paul.
“A música é algo que, desde pequeno, encontrei em casa e me fascina”, disse Zuzú que não assume ter já uma carreira na música e conta que as composições “começaram como uma espécie de brincadeira” e foram ganhando importância até culminarem no Carnaval do grupo “Famas de Janela”.

“Tínhamos aquela revolta de nunca termos podido responder à fama que nos foi lançado pela morna ‘papá Juquim Paris’ e a criação do grupo foi essa oportunidade” explica Zuzu acrescentando que essa foi a forma encontrada para “desmistificar a fama de ‘bruxas’ que era atribuída às gentes de Janela”.
De acordo com Zuzú essa música, que o grupo apresentou na sua estreia no carnaval do Paul, “veio ajudar a dar a volta às coisas já que ‘o fotch-fotch e lume’ que nos humilhava passou a ser o nosso grito de guerra, tanto no desporto como noutras ocasiões”, explica o compositor.