quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ribeira Grande é palco de tradições únicas no período pascal

As festas da Páscoa continuam a ser vividas com tradições únicas no concelho da Ribeira Grande, embora com menos pujança do que noutros tempos.
 
Os jovens aderem cada vez menos às antigas tradições e o consumismo importado de outras paragens trouxe valores que pouco se adequam ao “esprito” da celebração pascal e à forma de viver das gentes do concelho.
No plano religioso, a procissão de “Salvé” é uma das tradições que só se vivem na cidade da Ribeira Grande e está, cada dia, menos concorrida.
 
Trata-se de uma devoção à Virgem Maria, que começa na Igreja Matriz até à capela de Nossa Senhora da Penha, na Penha de França, onde os fiéis beijam a coroa da Santa, invocada como Rainha do Céu e da Terra, e regressa à Igreja Matriz onde é celebrada a eucaristia vespertina.
 
Tradição, igualmente única no concelho da Ribeira Grande, é a “Coroa de Cristo”, uma antiga devoção cuja origem não é conhecida das pessoas no concelho, mesmo as mais idosas.
 
“Não posso precisar mas presumo que a devoção da ‘Coroa de Cristo’ tenha sido introduzida pelo Cónego Júlio José Delgado, aquando da sua chegada à ilha, nos anos 20 do século passado” disse-nos Veríssimo Ribeiro, 90 anos de idade.
 
A “Coroa de Cristo”, explica Ribeiro, é um terço cantado em que se recordam os momentos da “via sacra”.
No aspecto gastronómico é que o consumismo mais se faz sentir, sobretudo com a introdução do “ovo da Páscoa”, feito de chocolate, para substituir o tradicional “fongo da Páscoa” presente na mesa dos santantonenses de épocas passadas mas que continua a ser tradição cumprida por alguns saudosos que teimam em manter valores de outros tempos.
 
“Eu continuo a fazer o ‘fongo da Páscoa’ todos os anos e conheço muita gente que também faz” afirma José Pedro Oliveira, gastrónomo e empresário do turismo e restauração, autor de um livro de receitas da culinária típica da ilha de Santo Antão.
 
José Pedro Oliveira explica que o “fongo da Páscoa” é confeccionado com uma massa homogénea feita com farinha de milho, batata doce cozida, banana madura, açúcar a gosto e ervas aromáticas, que, depois de embrulhado em folhas de bananeira, é levado a assar nas cinzas (rescaldo) dos alambiques.
Quaisquer que sejam as tradições, pujantes ou nem por isso, para os cristãos a páscoa será sempre “a comemoração da morte e ressurreição de Jesus Cristo que, com esses acontecimentos, cumpriu o plano que Deus traçou para a Salvação da humanidade”, dizem os fiéis católicos.


2 comentários:

  1. Parabens pelo Blog, é sempre bom ter um espaço de divulgação da nossa cultura.

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  2. Boa iniciativa da sua parte colega, penso que é sempre bom dar a conhecer um pouco da nossa ilha e também da nossa cultura.

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