sexta-feira, 28 de junho de 2013

Artista Ary Duarte abre “Casa da Cultura” no Paul

Os artistas e artesãos do concelho do Paul passam a dispor, a partir de hoje, na cidade das Pombas, de um novo local onde podem expor e comercializar a sua produção ou mostrar o seu talento.
A “Casa da Cultura” é uma iniciativa do artista Ary Duarte e pretende ser um espaço onde as crianças possam aprender música e onde os músicos possam apresentar pequenos espectáculos, no quintal anexo.
A ideia, diz Ary Duarte, é criar um espaço onde todos os artesãos do Paul possam concentrar os seus trabalhos como forma de facilitar a sua disponibilização aos turistas que demandam o Paul.
A abertura oficial da Casa da Cultura teve lugar terça-feira à noite com um “show” protagonizado pelos artistas Ary, Uziel Sança, Roger Monteiro, Anísio Rodrigues e Djô Lopes com suporte musical do grupo “Kapa Sol”.


















segunda-feira, 24 de junho de 2013

Tradicionais fogueiras de São João regressam à festa na Ribeira Grande

A ilha de Santo Antão, outrora fértil em manifestações culturais, vai perdendo algumas das suas mais importantes tradições, umas de forma irreversível e outras que alguns “carolas” tentam, a todo o custo, recuperar.
É o caso das fogueiras de São João, no campo de futebol do Tarrafal, na cidade da Ribeira Grande, uma tradição que “morreu” com a antiga promotora Ana Maria da Conceição (Nhé Nica de Meri de Rosér como era por todos conhecida, ou simplesmente “Mé Nica” para os netos e outros familiares), mas que um grupo de pessoas quer, agora, “ressuscitar”.
“Esta iniciativa surgiu de uma conversa entre um grupo de amigos que, à volta de uma cerveja, sentiu a necessidade de revitalizar esta tradição” explica João Salomão, um dos promotores da iniciativa, adiantando que o objectivo “é não deixar perder uma tradição que foi seguida por anteriores gerações de ribeira-grandenses desde tempos de que não há memória”.
Se bem o pensaram melhor o fizeram e a tradição das fogueiras de São João regressou ao campo do Tarrafal desde o ano passado com o envolvimento de várias pessoas que integram esse grupo promotor que potencia, não só as fogueiras para as pessoas saltarem no campo, mas também o desfile à volta da Igreja e um jantar servido a todos os participantes.
Homens e mulheres, essencialmente jovens mas não só, profissionais de diversas áreas, arriscam o salto por entre as labaredas das fogueiras alimentadas por lenha de madeira (já houve uma tentativa, felizmente descartada, de utilização de pneus) mas que este ano estava verde e tinha de ser, a espaços, reavivada com um pouco de gasolina.
O rufar dos tambores, produzido por um grupo dirigido por Luciano Chantre e Ká (também eles membros do grupo dinamizador) fazia mexer o corpo a todos os que marcaram presença na festa para saltar à fogueira, para “colá Son Jon” ou simplesmente marcar o ritmo.
Tradição junina “quase” em vias de extinção é, também, o São João na zona de Corda onde, outrora, as pessoas das diferentes ribeiras do concelho da Ribeira Grande se concentravam para esperar a chegada dos peregrinos e “fugidos” que se deslocavam ao Porto Novo para as cerimónias religiosas e para pagarem promessas ao Santo.
Hoje, com a estrada Janela/Porto Novo o acesso à cidade do Porto Novo ficou mais facilitado, via estrada nova, e os condutores não usam mais a estrada da montanha o que faz diminuir o número de pessoas na festa da zona de Corda.
As festas de meio percurso (São João na Corda, Santo António em Mão-para-Trás e São Pedro em Boca de Ambas-as-Ribeiras) tendem a desaparecer vítimas do progresso que facilitou o acesso aos locais originais dessas festas, como são os casos da festa de São João, no Porto Novo, tida como a maior festa de romaria do país, e da de Santo António das Pombas, no Paul, que não lhe fica “muito” atrás.
     

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ribeira Grande é palco de tradições únicas no período pascal

As festas da Páscoa continuam a ser vividas com tradições únicas no concelho da Ribeira Grande, embora com menos pujança do que noutros tempos.
 
Os jovens aderem cada vez menos às antigas tradições e o consumismo importado de outras paragens trouxe valores que pouco se adequam ao “esprito” da celebração pascal e à forma de viver das gentes do concelho.
No plano religioso, a procissão de “Salvé” é uma das tradições que só se vivem na cidade da Ribeira Grande e está, cada dia, menos concorrida.
 
Trata-se de uma devoção à Virgem Maria, que começa na Igreja Matriz até à capela de Nossa Senhora da Penha, na Penha de França, onde os fiéis beijam a coroa da Santa, invocada como Rainha do Céu e da Terra, e regressa à Igreja Matriz onde é celebrada a eucaristia vespertina.
 
Tradição, igualmente única no concelho da Ribeira Grande, é a “Coroa de Cristo”, uma antiga devoção cuja origem não é conhecida das pessoas no concelho, mesmo as mais idosas.
 
“Não posso precisar mas presumo que a devoção da ‘Coroa de Cristo’ tenha sido introduzida pelo Cónego Júlio José Delgado, aquando da sua chegada à ilha, nos anos 20 do século passado” disse-nos Veríssimo Ribeiro, 90 anos de idade.
 
A “Coroa de Cristo”, explica Ribeiro, é um terço cantado em que se recordam os momentos da “via sacra”.
No aspecto gastronómico é que o consumismo mais se faz sentir, sobretudo com a introdução do “ovo da Páscoa”, feito de chocolate, para substituir o tradicional “fongo da Páscoa” presente na mesa dos santantonenses de épocas passadas mas que continua a ser tradição cumprida por alguns saudosos que teimam em manter valores de outros tempos.
 
“Eu continuo a fazer o ‘fongo da Páscoa’ todos os anos e conheço muita gente que também faz” afirma José Pedro Oliveira, gastrónomo e empresário do turismo e restauração, autor de um livro de receitas da culinária típica da ilha de Santo Antão.
 
José Pedro Oliveira explica que o “fongo da Páscoa” é confeccionado com uma massa homogénea feita com farinha de milho, batata doce cozida, banana madura, açúcar a gosto e ervas aromáticas, que, depois de embrulhado em folhas de bananeira, é levado a assar nas cinzas (rescaldo) dos alambiques.
Quaisquer que sejam as tradições, pujantes ou nem por isso, para os cristãos a páscoa será sempre “a comemoração da morte e ressurreição de Jesus Cristo que, com esses acontecimentos, cumpriu o plano que Deus traçou para a Salvação da humanidade”, dizem os fiéis católicos.


sexta-feira, 7 de junho de 2013

Paul: Rufino Sousa vence concurso “Vozes do Paul”


O candidato Rufino Sousa venceu o concurso “Vozes do Paul” que terminou depois das 03:00 da madrugada de hoje, na cidade das Pombas, enquadrado nas festas do município do Paul e de Santo António das Pombas.
Com as composições “dam tempo”, de Jorge Humberto, e “avenida marginal”, de Manuel de Novas, Rufino Sousa convenceu o júri e encantou o público presente acabando por arrecadar 354 pontos.
 
Rosy Santos, com 285 pontos ficou em segundo lugar e Soraia Rodrigues, com 276 pontos ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente, e, juntamente com o vencedor do certame, ganharam o direito de participar na noite cabo-verdiana do próximo sábado.
“Gosto de música desde criança e até durmo com um receptor de rádio na cabeceira para não perder nada” disse Rufino Sousa que gostaria de ter uma carreira na música e continua à espera que a oportunidade surja para realizar os seus sonhos.
Gravar um CD é um dos sonhos do vencedor da edição 2013 do concurso “Vozes do Paul” mas, para já, isso não passa de um sonho adiado já que as oportunidades não abundam, sobretudo em tempos de crise.
Rufino Sousa não é principiante nas andanças musicais pois quando viveu em São Vicente participava das noites cabo-verdianas nos restaurantes de Mindelo.
Nesta final participaram 10 concorrentes seleccionados nas eliminatórias realizadas na cidade das Pombas (4), em Pontinha de Janela (3) e no Cabo da Ribeira (3) e os três primeiros classificados vão participar na tradicional “noite cabo-verdiana”, o ponto alto das actividades culturais programadas.  

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Walter “Zuzú” Tavares Silva – compositor de mornas, coladeiras e música carnavalesca


As comemorações do dia do município do Paul e de Santo António das Pombas são ocasião que os paulenses radicados fora da ilha ou do país escolhem para regressar ao torrão natal e matar saudades da terra.
Walter Tavares Silva, por exemplo, vive em São Vicente onde trabalha no INDP, mas já o encontramos no Paul para participar da festa do padroeiro.

Zuzú, como é conhecido entre os amigos, é músico e um compositor inspirado, autor de várias mornas e coladeiras que, contudo, não foram ainda popularizadas pelos intérpretes da nossa praça.
Zuzú alimenta a esperança de lançar o seu próprio CD, embora não tenha ainda data para entrar em estúdio, sobretudo porque a “crise” tem servido para afastar os potenciais mecenas apesar da lei que os beneficia fortemente.

A música de Carnaval tem vindo a ocupar lugar de destaque na composição de Walter Tavares Silva sobretudo depois do surgimento do grupo “Famas de Janela” cujas músicas são (quase) todas de sua autoria, algumas das quais foram premiadas nos concursos da festa do Rei Momo, no Paul.
“A música é algo que, desde pequeno, encontrei em casa e me fascina”, disse Zuzú que não assume ter já uma carreira na música e conta que as composições “começaram como uma espécie de brincadeira” e foram ganhando importância até culminarem no Carnaval do grupo “Famas de Janela”.

“Tínhamos aquela revolta de nunca termos podido responder à fama que nos foi lançado pela morna ‘papá Juquim Paris’ e a criação do grupo foi essa oportunidade” explica Zuzu acrescentando que essa foi a forma encontrada para “desmistificar a fama de ‘bruxas’ que era atribuída às gentes de Janela”.
De acordo com Zuzú essa música, que o grupo apresentou na sua estreia no carnaval do Paul, “veio ajudar a dar a volta às coisas já que ‘o fotch-fotch e lume’ que nos humilhava passou a ser o nosso grito de guerra, tanto no desporto como noutras ocasiões”, explica o compositor.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Janilda Nascimento: Doutora/modelo ou modelo/doutora?

Chama-se Janilda Maria de Oliveira Nascimento, tem 26 anos, natural de Santo Antão, Ribeira Grande, Penha de França, formada em Direito pela Universidade Federal de Alagoas, Brasil.
Entrou para o mundo da moda em 2008 quando participou numa seleção na agência de modelos Hits Model. Foi aprovada e logo em seguida fez um curso como forma de se tornar mais competitiva no difícil mundo da moda. Atingiu, assim, o estatuto de modelo profissional.
Ainda em 2008 participou, pela primeira vez no Maceio Fashion Design, um dos maiores eventos de moda do Estado, ficando com lugar cativo para as edições de 2009, 2010, 2011.
Participou na gravação de um clip, take time go (http://www.youtube.com/watch?v=Yfu_83BPJfg),  publicado no ano de 2012.
Desde início da sua carreira como modelo desfilou em diferentes eventos, para inúmeras marcas, desde as consideradas de “griffe” onde se destacam a Martha Medeiros, a Zoe, a Opera Rock, a Flu Look, como também os mais populares como, por exemplo, a Intervia, Andarella, Riachuelo, Axion, Verde Limão.
Na sua curta carreira de modelo profissional a Dra Janilda Nascimento participou nalguns programas televisivos, nomeadamente, no quadro de moda do Programa da Rede Record "Hoje em dia" com o consultor de moda Gustavo Sarti, bem como num outro canal da televisão brasileira o SBT e no do programa Cotidiano, no quadro de moda com a consultora de moda Ana Regina Tenório.
Janilda Nascimento confessa que “não foi difícil conciliar a moda com os estudos, muito pelo contrário”, já que esse mundo representou para ela “uma forma de aliviar a tensão dos estudos”.
“Eu me identificava com aquele meio, era uma sensação de puro prazer” conclui a ex-modelo e nova jurista.
De regresso a Cabo Verde, Janilda Nascimento ainda tentou inscrever-se numa agência de modelos, na Praia, mas a distância pelo facto de residir em Santo Antão inviabilizou a iniciativa pelo que se viu obrigada a abandonar a carreira de modelo e assumir a de jurista.
Neste momento, é estagiária no escritório da Casa do Direito, em Santo Antão, longe das luzes das passareles.
Daí a questão: Doutora/modelo ou modelo/doutora?